Eengenheiro e pesquisador da UFSC, Rafael Schadeck é um dos responsáveis pelo Planejamento Nacional para Gerenciamento de Riscos (PNGR). Atualmente, ele está no Japão, participando de um curso de Gerenciamento de Riscos de Desastres. Para o pesquisador, temos muito a aprender com o país oriental que, mesmo geograficamente feito para dar errado, minimizou os desastres naturais para se tornar uma das principais economias do mundo.
Diário Catarinense – Em janeiro, 840 mil pessoas (13,45% da população de SC) foram afetadas pelas chuvas. O que pode ser feito para que isso não se repita?
Rafael Schadeck – Eventos severos irão eventualmente ocorrer sem que possam ser evitados. Cabe a nós, desenvolver ações para a redução de riscos. Desde o desastre de novembro de 2008, a Defesa Civil do Estado realiza avaliações das áreas com suscetibilidade a deslizamentos. Identificadas, os técnicos do Ceped fazem o trabalho em campo e elaboram os relatórios. Agora, o projeto foi renovado e está sendo ampliado para todo o Brasil.
DC – Qual a maior carência hoje do Estado para evitar que tanta gente seja afetada pelas chuvas?
Schadeck – A necessidade maior é uma integração dos diversos setores que têm ações relacionadas à redução de risco (órgãos governamentais, universidades, institutos, corpo militar, ONGs etc), para que os esforços sejam direcionados de forma correta e eficiente. Não só no que diz respeito a tecnologias, mas principalmente nas ações de sensibilização, educação e preparação das comunidades. A redução dos danos está relacionada ao grau de preparação dos cidadãos frente ao desastre.
DC – O que outros países fizeram que o Brasil ainda não fez?
Schadeck – No Japão, 16 anos atrás, a cidade de Hyogo foi atingida por um terremoto, onde morreram 6.434 pessoas, quase 250 mil edificações foram destruídas, com um prejuízo de U$ 10 bilhões. Só que hoje, a cidade é referência mundial em redução de risco e preparação para situações de desastres. É importante preparar a população. No caso do Rio de Janeiro, nos chamou a atenção a dificuldade de acesso aos locais pelas equipes de resgate. Fica evidente a necessidade de preparo da população para as ações de primeira resposta, pois são estas que podem salvar muitas vidas.
(Diário Catarinense, 18/02/2011)