Para efeito de estudo de caso, que também é a proposta deste blog, neste post relatarei sucintamente um pouco da minha participação na resposta desta quarta enchente em menos de 1 ano na cidade de Palmares/PE. Quisera eu poder contribuir com meus conhecimentos e experiência nas cidades circunvizinhas, mas tecnicamente não era possível.
Acho que tudo se inicia no dia 27 de abril, quando o Sr. Amauri Júnior, Coordenador Municipal de Defesa Civil de Palmares e a minha pessoa fomos à Rádio Cultura dos Palmares (alcança todos os municípios da Mata Sul e norte de Alagoas), ler e comentar o boletim da Agência Pernambucana de Águas e Clima (APAC), que fazia previsão/probabilidade de chuvas 45% acima da média histórica para o leste do estado entre outras informações. Onde tomei conhecimento com muita indignação, que algumas pessoas da cidade criticaram, dizendo que fizemos terrorismo. No decorrer dos outros dias, fui dando avisos através deste blog e por e-mail para alguns Coordenadores de Defesa Civil, dos alertas de fortes precipitações previstas para Pernambuco, tudo baseado em informações de órgãos oficiais, não de achismos!!
Fato é que no dia 03 de maio, por volta das 2hs da madrugada, o Coordenador da Defesa Civil de Palmares me chamou a auxiliar nas primeiras medidas diante da eminência da enchente, e imediatamente fomos para os bairros mais vulneráveis alertar casa a casa que desocupassem, pois tudo indicava que o nível do rio iria subir. A partir da hora “zero” foram 72hs sem dormir, atuando em todo tipo de ocorrência possível e imaginável: evacuação, resgate, socorro e vistorias, debaixo de chuva torrencial, frio, e lama por todo lado.
Destaco uma das madrugadas, que é um exemplo clássico de cenário de desastre, quando estávamos seguindo com o corpo de bombeiro fazer mais uma evacuação, regada a chuva pesada, quando no meio do caminho, nos deparamos com um cidadão cambaleando, só de short, totalmente ensangüentado, que tinha seu intestino exposto depois de ser ferido com uma faca, então tivemos que fazer o APH antes de seguir para área de evacuação, onde ficamos até amanhecer o dia.
Durante os dias seguintes participei de reuniões com o secretariado municipal, operações conjuntas com outras secretarias municipais para notificação/evacuação de áreas com risco geológico, várias entrevistas nas rádios dando dicas de auto-segurança da população e informações sobre as condições da cidade.
Hoje, 09 de maio, continuo participando de ações preventivas de interdição de imóveis, vistoria de imóveis, orientações em geral a população para proverem sua auto-defesa e alertando as autoridades sobre a previsão do tempo e medidas de planejamento para resposta, cumprindo a missão da Cruz Vermelha.
Abaixo algumas fotos que tirei nestes últimos dias:
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| Difícil definir onde é o Rio Una e onde é a rua |
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| Atendimento de ocorrência com a cidade de Palmares as escuras |
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| Cruz Vermelha comandou 30 pessoas na evacuação de área de risco geológico |
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| Grota do Bananal - Palmares/PE, evacuação diante de risco eminente |
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| Sinais clássicos de encostas em colapso com árvores caídas e solo deslizando |
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| Casa destruída em deslizamento de encosta, mas a familia foi tirada em tempo |
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| Mesmo longe das margens do rio, mas familias isoladas por deslizamento de encosta |
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| Familia retirada momentos antes da água cobrir a residência |
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| Pessoas curiosas, desorientadas, fugindo para locais mais altos, este o cenário do dia 03/05 |
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