Os combates prosseguem na Líbia, em avanços e recuos nas proximidades de Trípoli, com a Cruz Vermelha Internacional a lançar um alerta urgente sobre a deterioração da prestação de cuidados de saúde e escassez de alimentos no território, que se pode “agravar profundamente” caso a violência entre as forças leais a Muammar Khadafi e as da rebelião se espalhar dentro da capital.
A agência de assistência e ajuda vê-se a braços actualmente com uma situação “muito difícil, muito preocupante”, sublinhou o director da delegação da Cruz Vermelha em Trípoli, Paul Castella, citado pela Reuters. “É muito difícil prever o que vai acontecer no futuro e nós próprios estamos a preparar-nos para responder a necessidades urgentes se os combates eclodirem aqui porque vemos as linhas da frente [de batalha] a avançarem e os combates não param. As coisas podem ficar bastante piores do que já estão agora”, explicou.
A Cruz Vermelha está a prestar ajuda em hospitais onde chegam os feridos das batalhas nas zonas montanhosas de Nafusa, a sudeste de Trípoli, e fez chegar equipamento médico a Misurata, cidade que se encontra sob controlo frágil da rebelião ao fim de longas semanas de cerco e bombardeamentos das tropas leais a Khadafi. Castella revelou ainda que se regista actualmente um surto de sarampo por toda a área de Sabha, onde são necessários medicamentos e vacinas: “As autoridades [líbias] não têm maneira de parar isto. Ainda não é uma tragédia mas pode rapidamente transformar-se numa”, avisou.
Segundo este mesmo responsável, apesar de o regime continuar a conseguir pagar os ordenados e subsídios alimentares nas regiões que estão sob o seu controlo, “o risco de uma crise alimentar é já concreto na maior parte do território”.
Ecoando tais preocupações, o Programa Alimentar Mundial alertou que dezenas de milhares de líbios na zona ocidental do país estão sem alimentos, dependendo totalmente da assistência das agências humanitárias para sobreviverem. “A missão de avaliação das Nações Unidos permitiu identificar que a segurança de fornecimento alimentar é uma das maiores preocupações para estas populações”, notou porta-voz da agência, Emilia Casella.
“Foi um choque constatar que não há nenhum comércio, que todas as lojas estão fechadas, que os trabalhadores não são pagos desde Fevereiro. [Os peritos da ONU, que estiveram nas cidades de Nalout, Wazin, Jadu e Zintan] viram apenas duas vacas durante toda a missão, nenhuns cordeiros, nem ovelhas”, precisou Casella, insistindo que na região as pessoas “não têm acesso a ovos, nem carne, nem peixe”.
O PAM identificou mais de 125 mil pessoas em situação de elevada vulnerabilidade alimentar na Líbia ocidental, onde distribuiu já 800 metros cúbicos de géneros alimentares. Em todo o país a agência fez chegar mais de seis mil toneladas de alimentos, para meio milhão de líbios, desde o início da sua operação no território há quatro meses.
No terreno a evolução dos combates seguia cada vez para mais perto de Trípoli, depois de a rebelião ter lançado novo ataque esta manhã às posições militares fiéis ao regime em Gualich, cinquenta quilómetros para sul da capital. “Esperámos antes de lançar a ofensiva e recebemos finalmente luz verde da NATO para a começarmos”, explicou membro do comité dos rebeldes em Zintan, sinalizando que as forças internacionais suspenderam os bombardeamentos contra as tropas de Khadafi para dar um corredor de marcha à artilharia terrestre rebelde.
Fonte:http://www.publico.pt/Mundo/perto-de-200-pessoas-morrem-em-incendio-de-barco-no-mar-vermelho_1501662
Nenhum comentário:
Postar um comentário