Chove forte em Pernambuco e população teme nova enchente

Resultado da enxurrada de junho de 2010 em Barreiros/PE

A chuva forte que cai em várias regiões do Nordeste desde a última quinta-feira trouxe o medo de uma nova enchente em Pernambuco. No mês de junho do ano passado, a água devastou várias cidades. Ao todo, 41 municípios foram atingidos pela cheia de quatro rios e 27 mil pessoas ficaram desabrigadas ou desalojadas. Na manhã deste sábado, uma idosa morreu no município de Paulista, na Grande Recife, quando tentava salvar os móveis da casa, que ficou completamente inundada após as chuvas desta madrugada. Regina Nunes, de 77 anos, caiu e se feriu enquanto ajudava a filha a retirar os objetos do imóvel. A idosa chegou a ser levada a um hospital, mas não resistiu e morreu vítima de uma hemorragia.

No município de Barreiros, inundado no ano passado, o nível do rio Carimã subiu mais de dois metros. De acordo com a Defesa Civil do município, a água já alagou várias ruas da cidade. Alguns bairros ficaram debaixo d'água e o bairro da Gorete foi o mais atingido. Ao todo, 750 pessoas estão impossibilitadas de voltar para casa. Segundo a Defesa Civil, o Rio Una encheu um pouco, mas não apresenta perigo.

Na residência da dona de casa Roberta Maria dos Santos, a lama ainda está nas telhas. Há poucos meses, ela voltou a morar no local e agora convive com o medo de alagamento mais uma vez.

- A gente não tem para onde ir a não ser para a casa de parentes e amigos que moram no alto e dão abrigo para a gente. Mas, quando não temos para onde ir, a gente tem que voltar. Deixa secar, lava e volta novamente. Depois a água vem de novo, a gente sai e depois volta novamente - conta a dona de casa.

O temporal da madrugada deste sábado causou alagamentos em toda a Região Metropolitana de Recife. As cidades que mais sofreram com a chuva foram Recife, Jaboatão, Abreu e Lima e Paulista. O Corpo de Bombeiros recebeu 179 chamados para retirar pessoas ilhadas - tanto dentro de casa como motoristas que ficaram presos dentro dos carros. Os bombeiros atenderam também moradores de quatro casas que ficaram danificadas e um deslizamento de barreira.

A chuva mais intensa foi entre a meia-noite e 1 hora da madrugada. Do começo do mês até a manhã deste sábado, o acumulado no Recife atingiu quase 570 milímetros. A média do mês é de 350, ou seja, já choveu o dobro do que normalmente chove na cidade. E a previsão é de mais chuva, segundo os meteorologistas.

Em algumas ruas da Zona Norte, a água invadiu garagens, deixou carros cobertos de água e moradores sem poder usar o elevador. Em Casa Forte, o subsolo de um prédio alagou e quatro carros ficaram completamente submersos. Em alguns bairros, faltou energia. Vários semáforos seguem apagados.

No bairro dos Aflitos, uma rua alagou e os carros estacionados ficaram quase encobertos pela água.

Em Jaboatão dos Guararapes, uma pessoa ficou ferida após queda de encosta no Monte dos Guararapes. Em Paulista, uma barreira destruiu uma casa e atingiu outra. Seis pessoas que estavam na casa conseguiram sair a tempo e ninguém se feriu.

Chuvas fortes atingiram várias áreas do Nordeste nos últimos dias. Cinco cidades da região Norte de Alagoas registram estragos decorrentes das chuvas que caíram durante a madrugada desta sexta-feira. Em São Luiz do Quitunde, uma criança de nove anos morreu soterrada. Já em Jundiá, 150 famílias ficaram desabrigadas, depois que o nível do rio Manguaba subiu e invadiu casas da parte baixa da cidade. Os municípios de Maragogi, Novo Lino e Porto Calvo registram alagamentos e deslizamentos de barreiras.

Na Bahia, o temporal provocou deslizamentos de terra e deixou ruas e avenidas alagadas. Subiu o nível do Rio Camurujipe, que corta uma das principais avenidas de Salvador, a Antônio Carlos Magalhães. O Rio do Cobre também subiu, alagando ruas próximas.

Na sexta-feira, uma casa desabou no bairro Fazenda Grande II, em Salvador, em decorrência das chuvas. Uma menina de 8 anos ficou soterrada, mas foi salva pelos vizinhos. A casa fica em um dos 544 pontos de risco de deslizamentos mapeados na capital baiana. Um vizinho disse que o barro chegava na altura do peito. Na manhã deste sábado, a chuva deu uma trégua na cidade.

O período de chuvas em Salvador vai de abril a julho. Nos últimos dias, o temporal causou alagamentos e invadiu casas em vários bairros. Neste sábado, a umidade do mar e áreas de instabilidade mantêm o céu com muitas nuvens. Segundo a Climatempo, chove moderado e a temperatura é de 25ºC.

Fonte:http://oglobo.globo.com/cidades/mat/2011/04/30/chove-forte-em-pernambuco-populacao-teme-nova-enchente-924354325.asp